quinta-feira, 19 de abril de 2007

Paralelas



Tu és o sótão e eu o porão

Tu és a cumeeira e eu o alicerce oculto

Tu és a parte exposta do iceberg

Eu sou a metade submersa

Tu és o zênite e eu o nadir

Tu és a cara da moeda e eu a coroa

Eu te conheço porque és a outra parte de mim

Tu me conheces porque sou a outra parte de ti

Para que possas ser a metade exposta

É preciso que eu seja a metade implícita

Para que possas declinar versos angelicais

É preciso que eu derrame versos abismais

Eu não minto e nem tu mentes jamais

Escolhes falar da luz por opção

Escolho rasgar abismos por oposição

Caminhamos paradoxalmente na mesma direção

Para que possas suportar-te na cumeeira

Faço-me a base segura e obscura do teu altar

E nesta junção milenar Somos qual duas linhas paralelas

Fadadas a andar lado a lado

Sem jamais poder se encontrar

( Fátima Irene Pinto)







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